sábado, 2 de outubro de 2010

Paixão e temor!

Nada falo, mas quando apareço, faço estrago.

Penetro inconscientemente no seu consciente.

Aos poucos vai cedendo aos meus desejos.

Sem perceber, o constrangimento toma conta do seu ser.

Sem falar um "A", arranco as palavras mais doces de sua boca.

Também consigo fazer você falar coisas horríveis.

Não tenho hora, nem lugar para aparecer.

Posso destruir seu bom senso, equilíbrio e auto-controle.

Sei fazer você se sentir o pior ser deste planeta.

Quando quer ser superior a alguém, minha presença é infalível.

Muitas vezes sou criticado; poucas vezes sou bem recebido.

A pergunta, afinal, que não quer se calar: quem sou eu?

Sou o temor e a paixão de todo ser humano: o silêncio.  


Eduardo Pessoa

Não chores por mim

As lágrimas, claras e salgadas, escorrem pela pele. Os transeuntes, preocupados com o horário e imersos em seus afazeres diários, ignoram. 

Fingem não ser para eles aquelas lágrimas que ecoam, mesmo silenciosamente, por toda a cidade.

O que dizer dos pedaços de madeira fincados em seu peito.

- Será que ninguém tem compaixão? - me pergunto atônito.

Um andante, senhor de aproximadamente sessenta anos, magro, de 1.80m, para diante daquela cena.

Analisa, os traços enrugados de seu rosto revela alguma reação ou indignação. Minutos depois, se afasta dali, com a mesma postura que chegou: indiferente.

Os dias se passaram e aquela agonia parecia não ter fim. Lá estava ela, sofrendo, chorando diante de todo aquele abuso. Os olhares do público eram para os comícios, os eventos e ninguém olhando para ela. Nem uma dose de importância?

Nada.

Até mesmo os ferrenhos defensores do meio ambiente usam dela para reivindicar suas causas. E nenhuma palavra sobre ela.

Útil, porém, esquecida e abandonada. Quem lutará por ela? Esquerda? Direta? Centro? Blogueiros? Twitteiros?

Quem, afinal, fará algo por ela?

Com o fim das campanhas eleitorais e com a chegada da chuva, quem sabe ela respira um pouco.

 No meio de tanta lama, pode renascer um brilho. 

Com vocês:

A grama. 

Eduardo Pessoa